- Do que você se lembra?
- Eu me lembro que meu nome é Rosa, e de algumas coisas de quando era bem pequena. Menor do que sou hoje, já que não cresci muito.
Me lembro de uma árvore alta, folhas pequenas como eu, e que gostava de pensar que minha vida era um sonho. Você já pensou que um sonho fosse real?
Quando eu dormia e sonhava com algo, era como acordar de um sonho dentro de outro. A peça que minha cabeça gosta de me pregar.
Era como se dormisse só por um minuto. O cansaço funcionava também, toda vez que ia dormir, perdia sono procurando a saída daquela ilusão.
Eu gostava de pensar, que toda dor que sentia, era só uma dessas peças que minha cabeça gostava de me pregar. É muito mais fácil assim.
Meu avô dizia que meninas lindas como eu, eram flores antes de serem meninas. Dai veio o outono, secaram as flores, e o vento levou pra outro lugar. "Essa dor é recorrente da secura anterior..." Dizia ele. - E eu estou aqui agora.-
Não conheci nenhum dos meus avós, nem o materno nem o paterno. Todos morreram antes deu nascer, meus pais são ambos
caçulas, eles mesmos não conviveram com muitos parentes da família. A minha avó materna era mãe solteira, acredito que nem ela conviveu muito com meu avô. O paterno teve um derrame um pouco antes do meu pai completar 12 anos. Ficou vivo por mas dois desde então, morreu umas semanas depois do 14º aniversário de meu pai. Definitivamente não o conheci, só pelas fotos.
Uns anos a traz, minha avó revelou que não tinha certeza de quem era o pai da minha mãe, ultima filha de 3, e que o homem da foto era só quem a ela achava que era. " Madalena, de qualquer jeito, seu pai esta morto, seja quem ele quem for. E fomos felizes mesmo assim, eu você e suas irmãs."
Minha mãe disse que foi muito feliz na infância, disse que também brincou em volta daquela árvore. Tivemos infâncias parecidas. Mas o
fator determinante foram os detalhes, e que minha mente gosta de me pregar peças.
Malva, minha amiga de infância, dizia que eu confiava de mais nas pessoas, sinto falta daquela confiança. Acho que deveria confiar mais agora.
É o que me falta ultimamente.
Fui crescendo, e as coisas mudaram. Descobri a verdade e agora não confio tanto quanto confiava antes. Eu, como sou gente também, acabo que não confio muito em mim, já que minha mente sempre gostou de me pregar peças. Já os remédios, são a desconfiança que as outras pessoas tem em mim. Mas eu confio nas flores.
O sono vem vindo agora, até amanha minha
florzinha, talvez eu lembre de mais coisas, quando acordar.