Eu me afastei de mim pra tentar arrancar marcas alheias, essas marcas que as pessoas deixam na gente. Deixei de fazer coisas, de ouvir musicas, pra tentar esquecer da solidão que só sente quem já teve algum pra lhe fazer companhia. Acabei me perdendo um pouco mais.
Me prometi não me amargurar por consequência dos erros dos outros, mas é complicado determinar quando você esta amadurecendo ou apenas se tornando mais amarga, difícil também permanecer aberta a novos sorrisos, quando os que você ofereceu foram muito mal agradecidos. E quando essa ingratidão não vem com arrependimento.
Não quero me tornar uma pessoa amarga, enquanto não suporto a ideia de ser cada dia mais vulnerável, cada dia mais propensa a acidentes de sensibilidade e tropeços em decepções traumáticas, o que me leva a pensar que minha doçura é algum tipo de maldição que eu tenho que quebrar. Não quero mais a influencia do mundo em meu espírito. Não quero mais as marcas do acaso em minha alma, quero a certeza de que quem eu sou agora, também merece ser feliz e me livrar da sensação de que tenho que ajustar, moldar, esculpir minha existência, pra me encaixar em alguma felicidade sem dono. Como se a pessoa que eu sou, fosse indigna da beleza que sente e não consegue transmitir.