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segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Estomago

Se um dia a gente esbarrar te entrego as cinzas
das borboletas no estômago que queimaram
do tempo que torrei tentando,
do estrago
do incêndio
da azia.
Que a chama do amor alimentou.

sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Seu amor me abriu um portal pra outros mundos, que se fechou buraco negro.
Me deu um sexto sentido que gangrenou e caiu, deixando dores e febres de um membro fantasma.
Seu amor me levou aos céus e me soltou em queda livre.
Me aqueceu do frio e me queimou, quebrou correntes, ossos, desfez ligamentos.
E eu vi o mundo por meio dos seus olhos e era lindo, me vi através dos seus olhos e era pouco.
Hoje todas as dores que sinto me lembram você e em todos os olhares que cruzo te procuro.
Quando encontro fujo.

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Se existisse uma maneira de voltar, eu voltaria, não por você, mas por mim.
Pelos sonhos que tinha e pela imensidão de sentimento que carregava comigo e que fui obrigada a despejar pelos cantos, esperando que desse frutos. Feijões mágicos à porcos sem tato, comeram, sugaram e a carcaça vazia dispensada. É isso que a vida é, você é o que você tem pra oferecer e depois não é nada frente a demanda.
A dor não compensa de nenhuma forma, o amor é só o amor, sem entrelinhas e sem compensações, o amor não compensa.
E se houvesse uma maneira de voltar, eu voltaria, não por você, não por amor. Mas pra não amar você nem por um minuto, voltaria pra não derramar o sangue que derramei e não arrancar a carne que arranquei e não gastar o tempo que perdi, pra não ser mais carcaça meu amor. Porque frustração foi a única coisa que eu senti no processo e frustração não compensa!

quarta-feira, 17 de junho de 2015


Crescer sempre foi perder e descobrir; coisas, vontades, sensações.
Saber até onde se aguenta ou até quando se deve espera por algo é sinal de maturidade, para mim foi importante descobrir até onde eu consigo ir. E foi decisivo estar entre tantas promessas não compridas desde cedo. Eu cresci em meio a promessas que nunca se cumpririam pra mim, regras normais que nunca se cumpririam, por eu ser quem eu sou. Sei lidar com decepções, sei reconhecer uma mentira e sei exatamente em que ponto uma fantasia vai ruir.
Eu cresci tanto e perdi tanto que deixei de ser quem eu era, sai da vida, perdi.
Vejo ela pelo lado de fora desde que cresci.
Ver e saber quando as mentiras acabam é uma das poucas vantagens que se tem olhando a vida de fora das normas e das regras, por ter uma existência deformada e distorcida.
A cronologia da minha vida foi desviada e eu deixei de ser menina pra ser outra coisa, eu deixei de ser gente pra ser uma coisa sem nome e ver a vida pelo lado de fora.
Uma coisa sem nome não consegue viver num mundo regrado pra "gente", as regras de "gente" não se aplicam, os sentimentos não funcionam como deveriam e eu tenho que me adaptar, eu tive que criar alguém. Alguém destinado a ruir e assistir tudo do lado de fora.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Hiperativo

Que toda voz, ouça.
Que toda imagem, veja.
Que toda textura, cinta.
Que todos que forem, sejam.
Que todos que perdem, tenham
amem, vivam e queiram
de novo e de novo.
E que todos que querem, consigam.
Que todos que devem, façam.
Os que amam,
ouçam, vejam,
sintam, sejam,
percam, vivam e morram,
morram de amor um pelo outro.
Para que não morram em si mesmos.
Tem coisas que eu acho que só vou dizer no meu leito de morte, sob a promessa do fim e do silencio, e que sei que quem deveria não ouvira. Eu sei que quando eu morrer, vou deixar uma serie de mal entendidos e lacunas, um amontado de assuntos inacabados, meu amor. De frases que não terminei. E mensagens que não enviei, fica o registro: você foi o único céu que eu conheci.

sábado, 11 de abril de 2015

antes de dormir

se eu encontrasse 1% de você em outras pessoas
eu sairia 2000 dias
conheceria 1000 pessoas
me entregaria 500 vezes
beijaria 300 lábios

Mas você é um quebra-cabeças de uma única peça e esta inteiro
e esta completo
sou eu quem me despedaço.

sábado, 14 de março de 2015

Eu queria ter o que dizer, queria ser relevante eu acho, talvez só isso. Só fazer alguma diferença, ter o que falar, poder olhar nos seu olhos e ver alguma reação, algum desconforto alguma perda. Eu me sinto quebrando mil promessas agora, me sinto perdida a muito tempo, como se não tivesse lugar no mundo,como se não fosse bem vinda à vida. Me conformei no deserto e prometi mil vezes não olhar para os lados. Mas olhei e vi o quanto era irrelevante, vi que da tentativa de não me ferir, acabei com inomináveis cicatrizes invisíveis, irreparáveis danos na minha percepção da vida. Eu nasci morta no fim das contas e vim ao mundo só pra confirmar o que todo o cosmos já sabia. E a confirmação maior veio dos seus olhos que não me disseram nada nisso que me tornei.