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sexta-feira, 2 de maio de 2014

É simples não ser nada, é leve não ser nada, é puro não ser nada. Não ser nada é simples. A não existência é libertaria, a não existência é alivio, a não existência é pureza.
O que é complexo é existir. Existir e sentir o peso do vazio, existir e ser aprisionado por dores permanentes, existir e se sentir indigna da vida, é o que deixa manchas na alma. E as vezes as manchas são as únicas provas que se tem, de que você existe.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Você cresce ouvindo lindas historias de lagartas que viram borboletas, até chega a sonhar com asas multicoloridas.
Até que a hora de sair da pupa e descobrir que é uma vespa. E que nunca vai ser o inseto mais belo do jardim, talvez a mais feroz.

domingo, 27 de abril de 2014

Delirei - 22

As vezes eu acho graça, de nunca ter paciência com meus próprios dilemas adolescentes.
Eu meio que enxergo um abismo, da infância a vida adulta e talvez a adolescência seja esse abismo.
Acho que a única coisa adolescente que consigo enxergar e admitir em mim, é a sensação de que nada se encaixa, que percebo me empregando as vezes. E não tem nada mais adolescente, que a insegurança de levar essa sensação pra vida adulta. Junto da ansiedade, a espera, de que essa sensação vai passar um dia. E a insegurança de que esse dia especifico esta longe de chegar.
Tenho uma urgência, adolescente também, que não me permite permanecer insegura por muito tempo, eu guardo em mim a necessidade do abandono de hábitos prejudiciais. A autonomia sob meus mergulhos auto destrutivos em materiais corrosivos, mais com a consciência e expectativa, de que só permaneço lá por opção própria. De que posso a qualquer hora, me levantar e sair. Como fiz com a adolescência, deixando lá, um abismo a vida adulta. Me sentir insegura é mergulhar nessa abismo.
As vezes eu esbarro nas coisas que guardei, nas palavras que não disse, e nas que disse também.
Nas coisas que fiz no passado, no remorso, no arrependimento, na sensação de que poderia ter feito mais, ou de que exagerei.
Tempestades em copos d'água, e redemoinhos na garganta.
Quinas invisíveis onde trisco meus pés; dores incomodas, mas não suficientemente prejudiciais pra impulsionar alguma mudança. Não se pode mudar o passado.
 Basta um chacoalhar de cabeça. como se um enxame de insetos zumbisse em meus ouvidos e ferroassem minhas emoções, com coisas que eu tento espantar.