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sexta-feira, 14 de junho de 2013

Delirei - Treze

 Tem decisões que são tomadas, com a participação de todo o meu corpo.E foi isso que aconteceu, me decidi.
 Meu corpo inteiro me gritou a resposta. Eu tenho uma certeza que levo comigo, uma coisa tão incontestável, que consegui convencer todo o meu corpo, menos o coração. Meu coração é piada nas conversas mais ocultas, é o tolo de ideias abstratas, nunca deve ser levado a serio.
 Todo o meu corpo sabe disso.
 Quando tomei essa decisão, tentei ser gentil com ele, e tentar convence-lo da verdade, mais uma vez. Ele não me ouve, é furioso, independente, desfigurado e teimoso de mais pra me ouvir.
 Fiz por ele, pra proteger a minha parte mais autônoma, das frustrações do meu corpo.
 Mas ele sempre toma a linha de frente, e leva as surras.
 Leva por mim e pelo resto do meu corpo, ele leva surras pra proteger minhas certezas.
 A parte mais fragil de mim que deveria ser protegida, mas eu a exclui das minhas decições, pois não a entendo, não concordo e estou inteiramente certa nisso.
 Falhei em mantê-lo seguro, se o tivesse ouvido, teria falhado do mesmo modo. Mas teria falhado com todo o meu corpo.
 Ele sofre sozinho de qualquer maneira. Nenhuma epifania pode mudar isso.
 É teimoso de mais pra ver a verdade, eu sou teimosa de mais pra ouvir meu coração, e mesmo estando certa desde o inicio, falhei.
  Se estivesse errada, teria falhado em dobro, e no fim era o que eu queria, eu queria estar errada de todo o meu coração. Mas no fim, tomei a decisão certa.
  E ele tomou a linha de frente, foi atingido, e o fez por inteiro.
  Eu falhei por estar certa, totalmente certa, com todo o meu corpo, menos com meu coração.
  Mas o resto do meu corpo não tem essa inocência tola, meu corpo não para pra socorrer os feridos!

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Rainda do Drama, Discurso

Mandei que levantassem a muralha, meu muro dos segredos, foi fácil erguer. Um segredo chama outros segredos, até chegar num ponto onde você se cerca de uma parede bem sólida, um lugar seguro. Mas infelizmente não estávamos totalmente seguros. Um mal se infiltrou, se vestiu como nós, falou como nós e ganhou minha confiança. E se revelou tarde de mais, como uma ideia.  Essa ideia, sabendo que segredos são cercados de mentiras, que segredos dependem delas. Tentou me cegar, mas agora enxergo mais do que nunca que essas mentiras me são inteiramente leais.
 Essa ideia maligna, me fez acreditar que no principio minhas mentiras parecem  inofensivas, uteis, parecem usuais e controláveis. Mas que estariam tramando tomar o controle do meu reino. Criatura perversa. Agora mais do que nunca sei que mentiras protegem os portões com perfeição, e tudo que pediram, foi estar perto dos meus segredos, se alimentarem dessa proximidade e assim protege-los, e a todos nós. Foi o tempo, que uma ideia traidora, me fez pensar que minhas mentiras. Se tornariam grandes e nocivas de mais, ao ponto de comandarem meu reino. Essa ideia me prendeu em uma cela, uma cela de uma falsa segurança, uma ideia falsa de uma segurança que nunca existiu. Eu me sentia segura, aponto de pensar em deixar essas mentiras morrem de fome.
 Mas as mentiras se organizaram, me mostraram sua lealdade, enganaram a ideia falsa. Abriram o caminho de volta, e tornaram possível a recuperação da coroa que me é de direito!
 Cai para fora daquela falsa sensação de segurança. E apesar dos ossos quebrados, da agua derramada, aqui esta ela, a Falsa Ideia derrotada, gritando palavras malignas.
 Ela vai dizer que as vezes é nocivo, acreditar na segurança de suas mentiras, dizer que você em algum momento, ameaçou a segurança dos seus segredos a partir do momento que os deixou viver. E que você pode, e vai se sentir mal, por correr o risco de perder algo tão nocivo! Mas uma lição foi aprendida, de que falsas ideias vão tentar se infiltrar e derrubar minhas mentiras. A lição foi aprendida, e não cairei mas nessa armadilha.
Peço perdão a todos os segredos que eu gostaria de expurgar. Por acreditar na visão corrupta dessa ideia. Estava fora da minha rasão, e serram compensados por todo risco que correram. E essa lição vou levar pro resto da minha vida, até o fim do meu reinado, a lição valorosa de que toda sensação de segurança é falsa, extremamente falsa! Que minhas mentiras são e sempre serram minhas protetoras. Minha muralha, minha gloria. Baluarte contra qualquer outra ilusão que eu possa vir a enfrentar algum dia. E espero que termos passado por isso, e termos derrotado essa falsa ideia de segurança. Sirva como um simbolo pra uma nova era em nosso reino. Uma era de vitorias, de leveza e de segurança, uma segurança verdadeira e sólida.
Regida por minhas fiéis, leais e honradas mentiras, que eu alimentei e vi crescer.
 E que mesmo nos momentos em que me encontrei aflita e cega, por crer em murmúrios malignos dessa falsa ideia, nunca me abandonaram, e sempre acreditaram, e cuidaram de mim, dos segredos e de tudo que há em mim. Vida longa as mentiras!
- Vida longa!

terça-feira, 11 de junho de 2013

Eu preciso ser eu, desesperadamente.
Enfrentar todas as consequências de ser eu.
Todas as complicações de ser eu, de ser erro, eu preciso ser erro.
E todas as consequências do erro.
Enfrentar todas as complicações de errar.
Eu preciso ser eu, errada, consciente, consequente, disposta e viva.
Eu preciso ser viva, desesperadamente.
E enfrentar todas as consequências da vida.
Incluindo a vontade de morrer.