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quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Semáforo

Eu vi, minha carne esmagada no chão, vi meus ossos abertos, meus tendões a mostra. Vi meu sangue tomar a avenida, meus dentes espalhados entre os pneus. Meu coração jorrando líquidos, meu cranio perdido entre os carros:
Vi cicatrizar, toda e qualquer abertura, costurei pelo meio-fio.
Mas o sangue, que inundou a rua, continua correndo em minhas veias.
Ainda posso sentir o asfalto, ainda sinto o cheiro da borracha, ainda espero abrir o farol. A vida inteira.

Visão Periférica

As coisas morrem, todo os dias, o tempo inteiro. Coisas nascem também, toda hora, nem sempre é facil perceber a vida. Mas a morte é sempre escancarada, é sempre visível de algum angulo.
 Existem nascimentos invisíveis, ocultos, que só quem nasce sabe do milagre. Só quem acontece, sabe da magica de existir de repente. Esses nascimentos são na maioria privados, ninguém viu, ninguém vai ver crescer, só quem nasceu. Mas as coisas morrem, até as coisas invisíveis morrem. Todo mundo vê quando ocorre. As vezes é assustador ver, uma coisa você nem sabia que existia, morrer. As vezes eu só percebo certas coisas, depois de mortas!