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sexta-feira, 22 de julho de 2011

Coroa de flores


Eu precisava de amor, agora olha o que ele me obrigou a fazer, esta morto.
Não sou um monstro, não sou herói. Cruzar essa linha custa de mais, não há lucro, não há perda.
Comecei com era uma vez, e terminou no fim da rua, quando vi ela entrar no ónibus. Então tomei minha decisão, dela as coisas fluíram de gole a gole, os tempos chegaram, e não suporto esse tempo.
Não sei se já passaram meses, ela me deixou aqui sem saber o que fazer; a morte me traiu, me acusou de coisas que não conhecia, que fiz sem saber que fiz. E me traiu dizendo que era ela e só, mas estamos aqui entre a terra e o pó. Não confio nos meus olhos fechados, não confio na minha carne e unha que dizem que acabou. As coisas ficaram mais difíceis, não era pra ser assim; minha carne doí. E minha mente arde, eu sinto tudo, eu sinto muito. Me disseram ser o fim e não acabou.
Sonhos, sinto falta de dormir, não sei mais se sou homem, se sou massa; não sei se o que penso é realmente real. Me disseram que se eu penso, existo, e não é isso que parece; não deveria existir mais, não deveria existir nada alem de tudo aquilo. Deixar de respirar era o preço que eu tinha que pagar, e agora; a escuridão tomou a forma da luz. Não me lembro de ter visto luz, não sei o que é noite, o branco e o preto. E dizem ser o fim. Dizem ser um começo; diziam que havia teto ou buraco, e não sei em que lugar eu estou.
Doeu tanto a vida toda, e agora; quanto dura a eternidade? Não sei se consegui, não sei se fracassei, se esse é o meu prémio ou minha punição, não sei se estou confuso ou lúcido:
Sem som, sem luz, sem treva, sem silencio, sinto falta do silencio. Sinto falta da vida, e da morte.
Se eu nunca nasci, não morro.

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