Pensar faz minha febre aumentar. Se me perguntarem vou dizer que não
passa de um incomodo; mãos geladas, pele quente, e um calafrio nos
ossos. Um incomodo superficial na carne.
Mas em algum momento, se tornou uma questão existencial.
Como se meu sangue estivesse gelando e a febre o refrigerasse, o gelasse ainda mais.
Sinto
como se algo estivesse atravessando meu corpo, peneirando todo de
sólido em mim, e acordando os líquidos que sempre se mantiveram
líquidos, mesmo eu tentando incansavelmente endurecer.
Como se dentro
de mim houvesse um portal, contido por dois mil cristais de gelo. Onde
uma corrente de ar consume e alimenta folhas ao vento. Sob o calor
intenso do portal viram pó, tanto o vento quanto as folhas.
A febre é
o consumo dos pensamentos que reprimo, o gelo derretendo e escorrendo
pela testa. Vazando da minha mente, coisas que se recusam a solidificar.
A fraqueza nos ossos são os cristais se renovando.
A insônia, a supervisora, que acompanha e acalenta esse consumo.
As
folhas, são minhas questões inacabadas, de outras vidas, que matei,
matei em mim. E das coisas que ando matando todos os dias. Mas evito
tocar no assunto.
Um desmaio de lucidez, que aumenta a minha febre; se paro fico cansada, e se descanso, perco energia.
E
eu queria desesperadamente pensar, me agarrar em um álibi
subconsciente. Dizer ser um delírio da febre; o medo, o ódio, a dor a
insegurança. Dizer ser minhas angustias se consertando. Mas não posso,
virou uma questão existencial. Não posso simplesmente pensar.
Minha
mente transborda e impregna minha essência, até envolver meu corpo, e
ele absorve toda a responsabilidade e sofre. Todo que evito me persegue,
e não sou mais chama, sou combustível.
Liquefaço.
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