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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Conjunto


Por dias vivi esquecida, isso atrapalha. Não só o meu esquecimento como a insistência das pessoas que esqueço e as vezes querem voltar às minhas lembranças , não faço muito esforço pra esquecer, é quase que automático.
Esqueço as coisas mais essenciais da vida, dias até esqueci meu nome, não sabia quem eu era e voltei pra casa cansada de tanto procurar alguém que me conhecesse, nunca fui muito boa com nomes. Tanto que comecei a anotar quem eu sou!
Isso acaba sendo um mecanismo de defesa, forjei pra mim mesma um ralo na ponta da memoria, tudo de pequeno ou novo que tenta passar por ele cai e se perde, some. O ralo não tem filtro, é mais largo que a entrada e muitas vezes tropeço nele. Geralmente quando quero lembrar de algo, passo a informação por um outro caminho sem armadilhas, onde ela flutua até onde eu quero que fique. Mas ando tão sem vontade de nada! Nem sei realmente porque insisto em adquirir informações novas ou reaver antigas.
Esqueço mais nomes que qualquer outra coisa, é preciso um intervalo de meses ouvindo o mesmo, para fixar o nome no dono e dependendo do grau de importância do individuo, esqueço até o rosto. Ou as vezes só lembro do jeito, ou então de como ele tem uma risada estranha, do que eu disse e depois morri de rir, só guardo informações desimportantes.
Como que o nome do meu primeiro amor era muito excêntrico, rio quando lembro do fato deu não lembrar desse nome tão incomum. O olhar é que eu me lembro, nunca esqueço, vivo procurando aquele olhar. Talvez, da próxima vez que ouvir aquele nome, eu lembre de todo o resto das coisas.

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